O Brasil hoje é um País globalizado, mas pode ser considerado ainda jovem nas práticas de comércio exterior. A expansão empresarial brasileira se deu nos anos 1990 e se intensificou na década seguinte. As empresas passaram a se familiarizar em ter o mercado externo como opção e mesmo a adequar sua estrutura profissional para ter diretoria ou gerência do comércio internacional há pouco tempo. E, mesmo assim, temos excelentes resultados.
Mas não pode sair do radar que um plano estratégico para o setor precisa ser feito a cada ciclo – integrado a todo plano de negócios da empresa, mas com um viés mais internacional e visando avaliar mais detalhadamente cada variável relevante.
Só para se ter uma ideia dos riscos e imprevistos da operação, somente nos últimos doze meses, o comércio exterior virou de ponta-cabeça duas vezes. Primeiro, saindo de um quadro de quarentena, as relações de troca “explodiram” e faltou contêineres. O preço do frete para o Brasil na oportunidade então cinco vezes – principalmente me negócios com a Ásia. Aos poucos o preço arrefeceu, mas os problemas não acabaram.
Na gradativa retomada ocorrida com a reabertura após a economia mundial ter vivido ciclos de quarentena por conta da Covid-19, os gargalos logísticos se tornaram mais claros. Depois da falta de contêineres, foi a vez do frete marítimo que ficou absurdamente caro no mundo e afetou a rentabilidade de importadores e exportadores. No entanto, em boa parte do mundo, a alta de preço arrefeceu. No Brasil, demorou um pouco mais, mas já desacelerou.
O valor do frete marítimo chegou a ficar cinco vezes mais caro do que antes da pandemia. Considerando dados da Freightos, o valor do frete marítimo, pré-pandemia era perto de US$ 2 mil por contêiner de 40 pés e saltou para mais de US$ 14 mil durante a pandemia. A produção voltou a crescer, elevou a procura por transporte marítimo e, se esperava uma retração do preço, mas os gargalos logísticos continuaram. Desde de março, o valor teve leve desaceleração mas ainda está longe dos preços antes da Covid.
Assim, quanto à pergunta sobre planejamento estratégico para comércio exterior, a resposta é sim. Em um mercado tão relevante com o comércio exterior, com operações que envolvem regras gerais complexas, além de outras muito específicas e internas de cada país, não se pode ter uma visão simplista ou amadora da operação. Um planejamento e uma operação bastante técnicos são determinantes para o sucesso no comércio internacional.
Assim como os ganhos são altos em operações de comércio exterior, uma negociação malsucedida pode trazer uma dor de cabeça em moeda estrangeira ou processos em cortes internacionais – que não são nada baratos. O melhor é ter embasamento, equipe especializada e muito profissionalismo, pois a área é muito promissora.
Marcondes Braga de Moraes – Profissional com carreira consolidada na área estratégica empresarial, em empresas de grande porte, atuando em todo o processo de planejamento estratégico e Negócios Internacionais. MBA´s em Gestão Comercial e Gestão Empresarial pela FGV; Master em Negociação pela Harvard Business School; e Finanças para Executivos pela Indiana State University