Por Karine Rodrigues
O Clube Jaó, conhecido de muitas gerações goianienses, acabou de fazer 60 anos, no último dia 5 de agosto. Ao contrário de quem um dia pensou que não haveria mais espaço para os clubes na vida moderna, o Jaó resistiu às mudanças culturais das últimas décadas e agora se mostra pronto para encarar os desafios que chegam com a nova idade. A história do Clube se confunde com a de Goiânia, tendo contribuído para a formação social, esportiva e cultural de famílias que por ele passaram nesse tempo. Após alguns anos de dificuldades e pandemia, o Jaó entende que os tempos são outros e que é preciso mais para o associado continuar a ter o clube como sua segunda casa.
O Jaó, em sua fundação, se propôs a contemplar diversas necessidades dos indivíduos, desde as atividades de lazer e cultura, passando pelo cuidado com a saúde, e, principalmente, promovendo encontros e fortalecendo laços sociais. Isso foi possível por meio de seus toboáguas e piscinas, seus torneios esportivos e os muitos eventos que durante anos marcaram a agenda social e cultural da cidade. Como reforça o gestor de reestruturação do Jaó, Guilherme Cruz, essa essência ainda define o lugar que o clube ocupa na vida das pessoas. “É um refúgio dentro da cidade para deixar a agitação, descansar, ter lazer, diversão, praticar esportes, encontrar amigos, sair da rotina”, afirma.
Nesse sentido, o clube se vê convicto de seu posicionamento enquanto associação. Segundo Guilherme, durante alguns anos o Jaó esteve aberto para visitantes por meio da venda de passaporte Day Use. Em meados de 2019, entendeu ser necessário retornar às suas raízes, voltando sua atenção exclusivamente aos seus associados, os mantenedores e principais interessados no clube.
O executivo ressalta que o foco na coletividade é uma questão de valorização e fortalecimento do grupo, e não de exclusão: “O Jaó não está fechado para quem é de fora. Nunca cessamos de admitir novos associados; eles são sempre bem-vindos. A questão é muito simples: o clube existe em benefício de seus associados, então, só faz sentido o que fazemos se for para atender às necessidades de quem mantém essa estrutura”, ele afirma.
Esse redirecionamento estratégico colocou o Jaó em contato mais próximo com a realidade das famílias que se faziam presentes no clube, e a rotina de cada uma delas. Novos planos foram ganhando forma e, no início de 2020, a expectativa era de que aquele seria um ano de importantes mudanças e a retomada do crescimento. Mas a realidade foi totalmente diferente.
Como no mundo inteiro, todos os planos viraram pó em março de 2020. “Era para ser o ano da virada”, diz Guilherme. A pandemia foi um drama para o clube, que teve de se manter completamente fechado por praticamente sete meses, à mercê da boa vontade de associados em relação à taxa associativa, pois muitos discordavam de pagar porque não estavam usando a estrutura.
Quando pôde ser reaberto, todas as medidas de combate à Covid-19 foram tomadas e o que se percebeu é que as pessoas estavam cansadas de ficar em casa. O clube provou ser um espaço essencial e que não podia ficar fechado. “Depois de tanto tempo em isolamento, foi muito marcante ver as pessoas voltando a usar o espaço, comemorando aniversários, se encontrando, vendo que esse lugar era delas”, diz a gerente de Marketing do Jaó, Bianca Maranhão. O clube retomou sua operação em uma situação financeira difícil. Por isso, em 2021, os avanços foram poucos, especialmente por ser ainda um ano pandêmico. Com a chegada de 2022 o Jaó progrediu financeiramente e pôde dar início à realização de melhorias.
Há atitudes que o Jaó conserva com muito orgulho, entre elas, a valorização da sua história, do legado e dos laços construídos nesses 60 anos. Alguns funcionários que estão trabalhando no clube há mais de 25 anos, outros com 30 anos na casa e, dois colaboradores, que estão há mais de 50 anos! “Almejamos tornar o Jaó um lugar atraente para se trabalhar, tendo ações voltadas para capacitação e desenvolvimento, mas também para o bem-estar das pessoas que atuam no clube, focados no bom atendimento ao associado. Ele é o nosso principal pilar e temos que atendê-lo bem em todas as frentes”, diz Paulo Roberto, gerente de Relacionamento do Jaó.
Outro ponto importante diz respeito à ampliação das vantagens aos associados. Há desejo de criar mais comodidades no clube, de modo que ele seja o espaço mais utilizado pelo associado, depois de sua casa. Na ‘lista de desejos’ está a ideia um espaço de coworking para que as pessoas também trabalhem no clube. Ampliar o leque de esportes e ter um espaço para apoio escolar são outros que compõem os planos em estudo.
“Queremos dispor ao associado mais soluções convenientes à sua rotina”, diz Bianca. “A ideia é proporcionar mais leveza e integração entre atividades esportivas, trabalho, lazer e aprendizado. E isso poderia ser feito de forma conjunta entre pais e filhos: enquanto um estaria trabalhando, o outro receberia orientação escolar, ou praticaria esporte, reduzindo o tempo perdido, estresse com deslocamentos”, destacou.