2022 começou com preocupação para agricultores do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Os produtores rurais têm enfrentado estiagens severas num período em que as chuvas deveriam estar mais regulares. Alguns calculam perdas de mais de 60% da lavoura, caso do engenheiro agrônomo, produtor e empresário do ramo agropecuário, Vanderlei Campos, da região de Cascavel, no Paraná. “Tive 70% de quebra em minha safra de milho e soja nesse período de 2021/2022”.
Os produtores entendem que este é o efeito da La Niña, fenômeno climático em que o aquecimento das águas do oceano Pacífico causa seca ou excesso de chuvas nas regiões extremas do País. De acordo com dados da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o final de 2019 já apresentava um cenário de seca, que perdurou por 2020 e 2021. Agora, 2022 começou com uma verdadeira catástrofe no campo. De acordo com a entidade, as perdas chegam a 75% em algumas regiões e culturas, como a soja.
Os produtores buscam saídas junto a órgãos públicos e federações. Além de acionar seguros e cobrar medidas estruturantes, a compra de terras em outros Estados pode ser a solução encontrada para alguns agricultores, como Vanderlei. Ele adquiriu uma nova propriedade em Goiás, da região de Mara Rosa e espera driblar os efeitos da La Niña. “Você tendo terras no Paraná e em Goiás, ou no Paraná e na Bahia, você consegue ter ‘um pé’ em cada clima. Dessa forma você consegue controlar um pouco mais essa questão da deficiência hídrica”.
Mas o momento é de cautela, pois os prejuízos sentidos na região sul também podem afetar outros locais, com aumento de preços de diferentes mercadorias e alimentos, como explica Edwal Portilho, mais conhecido como Tchequinho, presidente da Associação Pró Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial).
“A situação não fica isolada no Paraná ou outros Estados e Países mais ao sul. Entre as consequências está o aumento do custo dos alimentos, que já está muito alto, especialmente das carnes e leite, por causa da soja, que compõe grande parte das rações animais”. Para Tchequinho, a criação de pequenas barragens e reservas de água é parte da solução.
A expectativa é que os efeitos da La Niña durem até o final do verão em alguns estados, caso do Rio Grande do Sul. Dados do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do estado apontam que a probabilidade do fenômeno permanecer no Rio Grande do Sul até o final do verão 2022 está acima dos 80%.