De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o turismo mundial registrou seu pior ano da história em 2020. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de atividades turísticas despencou 36,7% em relação a 2019. Entretanto, em meio às incertezas do cenário socioeconômico provocado pela eclosão da pandemia, houve quem conseguisse segurar as pontas em um dos setores mais afetados.
A goiana WAM, que administra 16 hotéis, no total de 6 mil unidades habitacionais; 3 parques aquáticos e está construindo mais 9 empreendimentos de multipropriedade pelo País, sofreu com os reflexos das medidas de isolamento social, mas evitou quedas significativas no faturamento e enfrentou 2020 e início de 2021 sem dispensar nenhum dos seus aproximadamente 4.000 colaboradores, com apontou o sócio do grupo, Marcos Freitas Pereira, em entrevista exclusiva à Leitura Estratégica.
Em 2019, o melhor ano em resultados desde a fundação da empresa, o grupo de multipropriedade alcançou R$ 720 milhões de receita líquida e projetava rendimentos na casa de R$ 1 bilhão para o ano seguinte. Com a pandemia da covid-19 e todos decretos de quarentena, restringiu-se a circulação de pessoas e os planos precisaram mudar.
“Assim que começou a pandemia, em março de 2020, as vendas caíram drasticamente e chegaram a zerar em abril. Mas foram se recuperando aos poucos até que, em outubro, novembro e na primeira quinzena de dezembro, os números já superavam ao mesmo período de 2019. A expectativa era retomar os bons resultados em uma curva no formato de ‘V’ e alcançar, em 2021, o melhor verão de todos os tempos – previsão que, com a segunda onda de infecções, não se concretizou.”
Freitas explique que a WAM enfrentou a crise e as dificuldades gestão de caixa, “olhando para o próprio umbigo, cortando custos e gorduras”. Ao final de 2020, a empresa teve uma receita líquida de R$ 573 milhões – menor do que o do ano anterior, entretanto, superior ao de 2018. Além disso, somou mais de 22 mil contratos vendidos. Qual o segredo?
“Para quem não sabe, com a missão de oferecer soluções imobiliárias e turísticas inteligentes, a WAM opera em cinco unidades de negócios: incorporação imobiliária; comercialização; clube de viagens e vantagens; gestão do cliente e administração hoteleira. E aí é que se esconde o pulo do gato.”
O executivo aponta que o objetivo da empresa goiana é estar presente em todo o ciclo de vida do negócio, desde a venda na planta do imóvel, passando pelo uso do clube de férias, até a estadia no hotel. Assim, mesmo que uma das frentes tenha resultados mais tímidos, as lacunas são preenchidas pelas demais.
“O Grupo WAM acompanha toda a jornada do cliente proporcionando experiência de férias por toda a sua vida. O setor é o imobiliário-turístico. Vende-se experiência, compartilhamento. Não simplesmente comercializa-se imóvel, vende-se lazer, qualidade de vida, férias. Esse é o conceito de ser, a concepção de negócio.”
O desempenho da WAM em 2020 pode ser considerado estrategicamente superior ao de 2019, pois, segundo Freitas, mesmo com todas as perdas sofridas nas frentes de hotelaria e comercializadora, a carteira de incorporação imobiliária não deixou de dar resultados. Esse é o diferencial que ajuda a segurar a empresa durante a crise. É uma unidade de negócio que tem um ciclo maior (entrega e vende em até 72 meses) e não foi afetada em 2020 porque, durante o ano, repercutiram resultados de vendas de anos anteriores. Em 2021, desde maio, após o arrefecimento da segunda onda da covid-19 que iniciou-se na segunda quinzena de dezembro de 2020 e se estendeu até o final de abril de 2021, a WAM vem novamente se recuperando não em forma de ‘V’ tradicional e sim em forma de ‘V’ com a segunda parte alongada.
Em 2020, mesmo em meio a toda instabilidade, a WAM destacou-se, pelo terceiro ano consecutivo, nos rankings promovidos pelas publicações empresariais: IstoÉ Dinheiro, Valor 1000 e Época Negócios divulgadas nos meses de setembro e outubro de 2021.“A expectativa é de que a WAM feche o ano de 2021 com receita líquida de R$ 1 bilhão”, revela Freitas.
A empresa goiana colecionou premiações no período 2019-2020. A WAM foi listada em 2º lugar na categoria recursos humanos e também em 2º na categoria inovação e qualidade no setor Serviços Especializados e em 643ª no ranking geral do anuário “As Melhores da Dinheiro”. Já no Anuário Época Negócios 360°, no setor de Serviços, a WAM ficou em 5º lugar na categoria Desempenho Financeiro e em 335º lugar geral dentre todas as empresas do ranking. Nos destaques por região, alcançou o 15º lugar no Centro-Oeste. Já na Revista Valor 1000 a WAM destacou-se como a 4ª colocada em margem da atividade do setor de serviços especializados e 10ª como margem de Ebitda.
Além dos grandes especialistas do mundo corporativo, a WAM também é certificada pelo seu público interno e pelo quarto ano seguido conquistou a certificação GPTW, o Great Place To Work, o que a coloca entre as melhores empresas para se trabalhar no Brasil. A empresa possui planos ambiciosos para o futuro.
Empresa prepara internacionalização e IPO
No início de 2020, a WAM tinha três grandes objetivos estratégicos: internacionalização, entrada de um novo sócio investidor e com isso, futuramente, fazer a oferta pública inicial na bolsa de valores (IPO). Com os solavancos da pandemia, o planejamento precisou ser revisto, mas nada foi cancelado, apenas adiado. Será lançado até o final do ano o 1º projeto internacional em Orlando (nos Estados Unidos), além dos projetos de Maceió e Fortaleza.
Até esse momento do ano, aponta Marcos Freitas, lançou-se o projeto de Pirenópolis, em parceria, com o Grupo Villas e foram entregues 5 empreendimentos condominiais hoteleiros, Praias do Lago (Caldas Novas); Ondas (Porto Seguro); Solar Pedra da Ilha (Penha); Golden (Gramado) e Solar das Águas (Olímpia). O Grupo WAM hotelaria já figura entre as maiores redes de administradoras de hotéis do Brasil.
“Se tem um setor que sofreu com a pandemia, foi o turismo. Mas, se tem um setor que vai sair dela voando é o turismo também. Ninguém mais aguenta ficar em casa, as pessoas estão doidas para viajar. A obrigação do Grupo é sobreviver às adversidades, mas, passando isso tudo, virão os resultados. A WAM se prepara para levantar voos altos e expandir sua presença no mercado Nacional e Internacional”, comentou o executivo.