Na última década, o Brasil apresentou uma taxa de 43% no crescimento das empresas em atividade no ramo de Serviços em TI (Tecnologia da Informação). Atualmente são cerca de 275 mil empresas de TI ativas no território nacional (em maio de 2022).
É o que informa o Insights Report da Assespro-PR (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) do mês de junho, relatório que traz mensalmente informações sobre o panorama das empresas de tecnologia em território nacional.
Com base em dados da Receita Federal, a partir do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), o estudo mostra que, entre 2012 e 2021, foi triplicado o número de empresas criadas, saltando de 13,4 mil novas empresas criadas em 2012 para 36,9 mil em 2022, enquanto o número de empresas que entraram em inatividade foi duas vezes menor se comparado os mesmos períodos.
Estudo recente, apresentado durante o maior evento de canais de distribuição de empresas de tecnologia do País, o 2º Encontro de Canais de Alta Performance de Tecnologia (CAP-TI), aponta que as empresas goianas precisarão contratar cerca de 40 mil novos profissionais da área até 2024. Se em Goiás é algo improvável que se alcance, no Brasil, não é nada diferente. São necessários, no mesmo período, meio milhão de profissionais de tecnologia.
Para o presidente da CAP-TI, Elton Almeida, esse gargalo incomoda o setor e é mais abrangente, atinge toda economia. É que não são apenas as empresas de tecnologia que contratam profissionais do setor, mas boa parte das empresas tem algum (ou vários) profissionais internos. “E as empresas de tecnologia atende todos setores, principalmente, os estratégicos, da Economia.”
O encontro em Goiás foi realizado na Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), que tem o empresário Rubens Fileti como presidente. “Com a pandemia, houve uma aceleração de 5 a 10 anos na transformação digital dos negócios. Neste novo cenário, oportunidades e problemas cresceram de forma exponencial, como a falta de mão de obra, a demora na chegada da infraestrutura 5G e a necessidade de mais segurança tecnológica”, diz ele, que é vice-presidente do CAP-TI.
“Goiás é um estado central, que funciona como um hub e tem se destacado por sua economia crescente, o que tem sido acompanhado pelo desenvolvimento tecnológico. A ideia foi usar o ambiente para alinhar conceitos e desenvolver estratégias de crescimento”, destaca Elton, que é de Salvador. “O problema é generalizado.”
Para Rubens Fileti, a contratação de profissionais do setor por empresas estrangeiras, para trabalhar em home office, é uma situação momentânea e faz parte de uma dinâmica do mercado.
“Os profissionais que hoje fazem essa opção precisam compreender que ao abrir mão das empresas locais, abrem espaço em um mercado sólido, seguro, que será ocupado por outros profissionais. Cada empresa está dando seu jeito. O mercado de trabalho muda muito. Essa carência em empresas do exterior pode ser menor amanhã ou aparecer candidatos ‘mais em conta’ para estas estrangeiras. As empresas estrangeiras já começaram a abolir o home office nos EUA. Para onde vão estes profissionais?”, indaga Rubens, que diz se preocupar do impacto psicológico provocado por estas mudanças.